Este artigo foi brilhantemente escrito pelo amigo, colaborador e também caçador de tesouros, Henrique Gloor. O texto aborda diversas visões sobre o Detectorismo, uma prática que vem crescendo nos últimos anos no Brasil e é um misto de hobby e esporte, alinhado a preceitos de ambientalismo e cultura, sem impedir que todo praticante seja alguém que gosta de aventuras e até arrisca-se a encontrar tesouros realmente valiosos.
Se você ouvir que alguém está caçando tesouros, a primeira coisa que nos vem na memória é que estamos falando de personagens de filmes como Indiana Jones, dos piratas Jack Sparrow, Barba Negra, entre outros, mas de alguns anos para cá, caçar tesouros no Brasil virou um hobby extremamente procurado por pessoas todas as idades, sendo muito divertido e salutar, despertando o espírito de aventura em milhares de brasileiros, e que de alguma forma exige certo esforço físico de caminhar e desenterrar os “tesouros” encontrados. Centenas de pessoas estão sendo visto percorrendo as praias de sul a norte de todo nosso litoral, em busca de anéis, brincos, colares de ouro, prata, e os mais diversos objetos e relíquias perdidas diariamente por banhistas na nossa orla. E a lógica existe, após banhar-se por muito tempo, os dedos das mãos ficam enrugados, e com isso os anéis, alianças de ouro saem com mais facilidade, causando a perda dessas jóias na areia ou dentro da água, e isso torna esses objetos de cobiça preferidos pelas pessoas que usam detectores de metais.
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| Henrique M. Gloor - Foto: Acervo pessoal |
A verdade é que depois que os detectores de metais começaram a ser divulgados e comercializados no país, e os “detectoristas” começaram a frequentar as areias das praias de todo litoral brasileiro, esse hobby, ou esporte, começou a ser difundido amplamente, angariando milhares de simpatizantes a essa prática nas mais variadas categorias, sejam em praias de água doce e salgada, no campo em busca de relíquias de guerras, revoluções, tesouros Jesuítas e de fazendeiros, na caça sub-aquática em busca de naufrágios, resgatando moedas, canhões e relíquias de caravelas e naus, e até na caça de meteoritos.
O uso de detector de metais é muito amplo, e podem ser utilizados em entradas de bancos, aeroportos, em penitenciárias, na busca de fiações e tubulações enterradas, e no nosso caso, como entretenimento por pessoas comuns.
Em
várias partes do mundo assim como nos Estados Unidos da América,
essa prática como hobby tem mais de meio século se tornando algo
cultural desses povos, onde existem lojas especializadas, clubes,
associações, festivais, campeonatos e todos os meios para
confraternizar pessoas simpatizantes do esporte e divulgarem suas
descobertas, algumas de relevância histórica de civilizações
perdidas e fatos históricos ocorridos. No
Brasil já existem vários Grupos em redes sociais, onde caçadores
de tesouros se reúnem para expor suas experiências, fotos dos
achados, projetos e acessórios usados, histórias, e eventualmente
são feitos encontros nacionais, onde esses amigos virtuais terminam
se conhecendo pessoalmente, fortalecendo e fazendo novas amizades
através desse hobby.
Caçar
tesouros perdidos ou abandonados pelo homem, nas mais diversas
áreas, pode ser algo além de divertido, também lucrativo. Quando
ainda não existiam bancos para se depositar dinheiro, e o ouro era a
moeda forte corrente, fazendeiros enterravam os seus bens mais
valiosos evitando saques de revolucionários e assaltantes, e por
destino muito deixavam ali depositados toda fortuna provinda de
negócios com a agricultura e pecuária. Os Jesuítas expulsos do
território brasileiro pelo Marques do Pombal levaram na fuga todo o
ouro que podiam carregar, e muito desse ouro, pelo incômodo do peso
a ser carregado, foi enterrado no caminho com o intuito de retornar
e resgatar, muitos desses ficaram abandonados e perdidos para sempre,
esperando que alguém apareça com um detector de metais para
resgatá-los. Até mesmo passar um detector de metais no canteiro em
frente a sua casa, pode lhe causar uma surpresa com os objetos que
irá encontrar, e por mais incrível que possa parecer, você poderá
achar moedas antigas, objetos de uso pessoal e relíquias que podem
estar ali perdidas para sempre, fato é que, onde houve circulação
do homem, haverá resquícios dessa presença. Outros fatos
interessantes relacionados a essa prática com detectores de metais
levam para o sobrenatural, onde pessoas em seus sonhos alegam ter
ganhado de um ente já falecido, um “enterro de ouro”, mostrando
o local onde deve ser cavado, e onde está a “botija” com as
moedas de ouro, já outros nos interior dos estados, relacionam
visões de bolas de fogo como o local onde existe ouro enterrado, são
dezenas de histórias e fatos dos mais variados atribuídos a essa
divertida prática, despertando um sentimento aventureiro de muita
adrenalina e emoções fortes. Outra coisa importante é algumas
normas próprias que os detectoristas cultivam nesse esporte,
preservando a área que estão pesquisando, os buracos depois de
abertos deverão ser fechados para evitar erosão e acidentes com
animais, não depredar ou poluir o local com latas vazias, garrafas
pet, enfim, preservar é a norma primordial, abandonando o local,
esse mesmo deverá ser entregue a natureza do mesmo modo que você
encontrou. Esse contato com a natureza, com a flora e a fauna,
deverá ser amistosa, e manter o mais intacto possível é o mais
recomendado. Para quem se aventura em locais de mata, os encontros
com cobras, aranhas e animais peçonhentos merecem um certo cuidado
e respeito para evitar que não ocorram acidentes desagradáveis,
por isso não devemos esquecer que, estamos invadindo o espaço
onde eles vivem, e não nós.


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